Toffoli diz que Judiciário perde apoio porque se comunica mal
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou nesta quinta-feira (5) que o Poder Judiciário brasileiro perde apoio da sociedade porque não sabe se comunicar. Toffoli discursou na abertura do 3º Encontro Nacional de Comunicação do Poder Judiciário. O presidente do STF afirmou que instituições da área não se comunicam de maneira organizada e perdem apoio para Ministério Público e Polícia Federal que, conforme Toffoli, se comunicam bem com a imprensa. "Capital do ponto de vista de apoiamento de ações como de combate à corrupção, que são decisões do judiciário, esse capital na comunicação é perdido para outras instituições. A imagem que fica nesses últimos cinco anos é que a Justiça só serve para soltar ou ser leniente", afirmou Toffoli. "Nós não sabemos nos comunicar", completou o presidente do STF. Sensos comuns Segundo o ministro, os próprios magistrados e servidores reproduzem sensos comuns propagados pela população, como a demora na conclusão dos processos, o que prejudica a imagem da carreira. "Nós ficamos repetindo que o judiciário é demorado", disse. "Nós estamos reproduzindo um senso comum mentiroso, falacioso, que nos auto prejudica ao invés de falara a verdade". Toffoli se queixou ainda de como são propagadas as notícias sobre prisões em ações de combate à corrupção, atribuídas à Polícia Federal e não a ordens do Poder Judiciário. "O que se pulga cotidianamente? A PF prendeu. E depois o que sai? A Justiça soltou. Quem mandou prender foi a Justiça e, num índice extremamente pequeno, quem manda soltar também é a Justiça. Vejam a nossa dificuldade de comunicação", declarou. Política de comunicação Durante o evento, Toffoli assinou uma portaria (nº 198) do CNJ, que cria o Comitê de Comunicação do Poder Judiciário para analisar as ações de propaganda dos tribunais, observadas as regras da Secretaria de Comunicação da Conselho Nacional de Justiça. O comitê também terá como atribuição propor treinamento de servidores e magistrados em questões relacionadas a comunicação social, entre outros. Ele ainda defendeu a criação de uma política de comunicação comum do Judiciário para resolver os problemas no setor. "Nós temos que nos fazer conhecer. Temos que mostrar o nossos números, mostrar nossa produção, temos que mostrar que algumas questões que são colocadas são absolutamente inverídicas", declarou.